Meu
irmão faleceu na semana passada após uma luta dolorosa contra um câncer.
Durante
os últimos meses, silenciaram as respostas humanas diante de uma doença que foi
dizimando o corpo do meu irmão aos poucos.
Diante
deste silêncio humano, felizmente urge no coração dos crentes, a fé como
resposta poderosa.
Deus
abre as suas mãos e acaricia os seus filhos com imensa ternura.
Dizia São Vicente de Paulo que um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas normais do dia a dia…
Dizia São Vicente de Paulo que um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas normais do dia a dia…
Meu
irmão não fez nada de extraordinário, mas efetivamente fez de forma
extraordinária a sua missão de pai e de esposo.
As
memórias que agora são contadas pela sua esposa, pelo seu filho, pelos seus irmãos e pais, revelam um espírito santificado pelas boas
obras do dia a dia.
“Os
cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e
à perfeição da caridade”. Assim diz o Catecismo da Igreja Católica, no nº 2012
referindo o II Concílio do Vaticano, na sua encíclica Lumen Gentium, 40.
Não
se pode mesmo ignorar o quanto a santidade destes pequenos servos que todos os
dias cumprem com grande humildade e amor as suas tarefas do dia a dia, conseguem
fazer muito mais que todos os poderosos com as suas pompas do mundo moderno.
Na
verdade, são os pequenos gestos que contam para os que estão perto. Não importam
os bens materiais diante de uma pobreza espiritual.
Enquanto
vivemos nesta vida somos como que administradores dos bens que nos são concedidos.
Somos apenas meros administradores, porque os bens que possuímos hoje nunca
serão nossos eternamente.
Jesus
efetivamente fez esta analogia que é relatada no Evangelho de São Lucas,
capítulo 12, versículos 42 e seguintes: “Qual
é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus
operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo?” – assim perguntou
Jesus aos seus discípulos.
E
depois, Ele acrescentou: “Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo
assim, quando vier! Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens.”
Durante
esta vida, Deus nos confia bens materiais e espirituais. Mas todos estes bens
são como sementes que precisam das nossas mãos para darem frutos.
E
quais são estes bens?
Os
bens são como a chuva de graças derramada todos os dias na nossa vida.
Permito-me
lembrar a vida do meu irmão na terra…
O
que ele administrou?
Meu
irmão foi filho, foi esposo e foi pai.
Nestas
missões que ele assumiu, a sua administração deixou lembranças lindas nos seus
pais, irmãos, esposa e filho.
Que
mais poderia fazer ele, senão cumprir bem o que assumiu?
Para
além disso, sofreu uma doença que o arrancou desta vida de uma forma muito
dolorosa.
No
entanto, a paz com que deixou esta terra, revela bem a sua grandiosa vida mesmo
na simplicidade das pequenas coisas do dia a dia.
Em
Mateus, capítulo 10, versículo 38, Jesus
estabelece uma fronteira para a nossa vida: “Quem não toma a sua cruz e não me
segue, não é digno de mim.”
A
cruz de cada dia é imensamente pesada e o que Deus nos pede é que a carreguemos
com amor. Assim, realmente demonstrarmos que somos bons administradores das dádivas
recebidas nesta vida.
Então,
se somos meros administradores, ajamos como tais e cuidemos bem do que Deus nos
confiou!
Como homenagem póstuma ao meu irmão deixo as seguintes frases de Santa Teresinha que viveu apenas 24
anos nesta terra:
“Uma
alma abrasada em amor não pode permanecer inactiva.”
“O
mérito não consiste em dar muito, mas em amar muito.”
“Nós,
que corremos pelo caminho do Amor, não devemos pensar no que nos pode acontecer
de doloroso no futuro.”
“Não
é «a morte» que virá buscar-me, é Deus.”
“Quero
passar o meu Céu a fazer bem á terra.”
(As frases de Santa Teresinha foram retiradas do site: http://www.carmelitas.pt/teresinha/petalas.html)